Muitas pessoas quando se olham no espelho, não estão satisfeitas com aquilo que veem, mesmo que, embora, pessoas ao redor delas afirmem que está ótima, fisicamente. Nossa imagem corporal muitas vezes é distorcida da realidade, pelo fato de associarmos à ela aspectos idealizados ou patológicos, refletindo dificuldades para aceitar o próprio corpo, desencadeando conflitos entre o que se é e o que se deseja ser, o que se pode ser e o que se crê que os outros querem que seja. Com isso, a tendência é negar a própria imagem e consequentemente a distorção do processo de identificação.
Quando falamos de transtornos alimentares, os que nos vem facilmente a mente são a compulsão alimentar, anorexia e bulimia. Hoje iremos conversar um pouco sobre eles. Lembrando que existem outros tipos de transtornos alimentares, além desses citados aqui.
A compulsão alimentar é composta por episódios de “ataques de comer”, onde a pessoa ingere grande quantidade de comida, num curto espaço de tempo, com falta de controle sobre o que e quanto se come. Na maioria das vezes, essas pessoas não querem serem vistas comendo e a primeira sensação que têm ao ingerir a comida é boa, mas dura pouco, sendo seguida pela culpa, autodepreciação, constrangimento e até depressão. A busca desse “alivio” através da comida, na maioria das vezes está associada à quadros de ansiedade, tensão, baixa autoestima, depressão, dificuldades nos relacionamentos interpessoais e também por dietas muito restritivas. O compulsivo come por qualquer emoção forte.
Nesse transtorno, é importante o paciente passar por avaliação física e psicológica, tendo um acompanhamento /tratamento adequado.
No caso da anorexia, os estudos evidenciam que é predominante em mulheres, existindo dois picos de incidência: aos 14 e 17 anos. Um modelo bastante aceito pelos estudiosos é de que a etiologia da anorexia é multifatorial, ou seja, engloba fatores biológicos, psicológicos e sociais.
A pessoa apresenta acentuado medo de engordar e aos poucos vai se dedicando cada vez mais a dietas, peso, exercícios e forma corporal. Isso fará com que restrinja seu campo de interesses, contribuindo para um isolamento social. Também apresenta perda de peso progressiva e constante. As alterações de percepção da própria imagem são, com frequência, distorcidas e irreais.
Esse transtorno abre caminho para inúmeros problemas de saúde, tais como anemia, alterações endócrinas, osteoporose, dentre outros. Há grande incidência da associação da anorexia com transtornos psiquiátricos, principalmente os transtornos de humor, de ansiedade e de personalidade. As formas mais precoces de transtornos alimentares possuem associação importante com comportamentos obsessivos e sintomas depressivos. A pessoa pode se recusar a comer, alegando náuseas, dor abdominal, perda de apetite, incapacidade para engolir, etc.
A base para o tratamento da Anorexia envolve uma equipe multiprofissional, como médicos, psicólogos e nutricionistas. A prescrição de medicação poderá ser indicada, de acordo com a avaliação médica.
Na Bulimia, o predomínio é em mulheres jovens e adolescentes, relacionado à fatores de ordem biopsicossocial. O principal sintoma é a compulsão alimentar, que gradativamente vai ocorrer em situações geradoras de sentimentos negativos, como ex: frustração, tristeza, ansiedade, solidão, etc. Neste transtorno, a pessoa ingeri uma quantidade de comida exagerada, se compararmos alguém comendo em condições normais. Há uma sensação de falta de controle sobre seu próprio comportamento, acompanhados por sentimentos de vergonha, culpa e desejos de autopunição.
O método compensatório usado por essas pessoas é, em 90% dos casos, a indução do vômito, promovendo um “alivio” imediato. Estudos apontam que parece haver relação entre transtornos de humor e de ansiedade, em pacientes com Bulimia. Na maioria dos casos os pacientes conseguem, nesse transtorno, manter seu peso dentro do limite de normalidade. Aqui também é indicado um tratamento multiprofissional.
Precisamos começar a ser sujeitos ativos de nossa vida e disso fazem parte nossas escolhas e comportamentos. O mundo está aí, recheado de ideias e padrões a serem seguidos, onde àqueles que não se enquadram no perfil estipulado por nossa sociedade consumista estão fadados a se sentirem excluídos. Estes sentimentos desencadeiam inúmeros problemas físicos e emocionais. Nesse sentido, a psicoterapia é uma aliada pois nos permite o autoconhecimento, dando novo sentido e significado à questões que, anteriormente, nos tornavam prisioneiros de nós mesmos.